Utilizar máscara, lavar as mãos inúmeras vezes ao dia, ou higienizá-las com álcool em gel a 70%, além de manter o distanciamento social. Essas medidas primordiais têm sido praticadas para não contrair o novo coronavírus. Mas, quando há uma pessoa acometida pela Covid-19 em casa, como proceder para também não ser contaminado? A infectologista e gerente médica do Hospital da Mulher (HM), Sarah Dominique Dellabianca Holanda, orienta sobre como se proteger e não se infectar pelo vírus que já levou a óbito mais de 2.500 pessoas em Alagoas.
Ela explica que, quando houver um indivíduo sabidamente infectado ou com suspeita de Covid-19, manifestando sintomas ou não, ele necessitará permanecer em quarto isolado e ventilado. Na residência onde isso é impossível, os outros moradores devem ficar pelo menos dois metros de distância, se for possível, e sempre sob o uso de máscara.
Ainda segundo a infectologista do HM, a pessoa acometida pela Covid-19 deve dormir em cama separada e só poderá se locomover para ambientes de uso comum, como cozinha e banheiro, se estiver com a máscara devidamente colocada na face. O ideal é escolher um familiar para atender o enfermo – de preferência, alguém com boa saúde e sem doença crônicas.
“Quando estiver perto do doente, o cuidador deve utilizar uma máscara e trocá-la caso fique úmida ou com secreções. Nunca toque ou mexa no instrumento de proteção enquanto estiver perto do paciente”, recomendou Sarah Dominique Dellabianca Holanda.
Ela orienta que a pessoa que não está doente deve lavar as mãos com certa frequência quando mexer em utensílios, como pratos, talheres e copos do indivíduo infectado pelo novo coronavírus. “Às vezes as pessoas querem ofertar tudo de maneira descartável. Contudo, não vejo necessidade para isso, até porque, ao se tocar em utensílios infectados, a recomendação é lavar as mãos com água e sabão ou preparação alcoólica 70%. Se o doente usa os talheres, pratos e copos, e os entrega depois da refeição, o contato com o vírus pode ocorrer, mas, basta lavar os utensílios prontamente com água e sabão, e a pessoa utilizar máscara e não tocar na sua própria face”, disse.
De acordo com a infectologista e gerente médica do HM, o novo coronavírus é um vírus revestido por uma cápsula de gordura e, que por possuir essa característica, se prende facilmente nas células humanas. Entretanto, sem essa capa de gordura, o vírus morre e, por isso, a água e o sabão ou álcool a 70% têm a função de destruir essa cápsula.
“Como se aprende nas aulas de química no colégio, quando água e gordura – por exemplo, o óleo de cozinha – são colocados em um recipiente, as substâncias se mantêm separadas, mas, a adição de detergente comum, “quebra” a gordura. A lógica é a mesma: ao lavarmos as mãos com água e sabão. O envelope protetor do vírus é quebrado, destruindo-o. Por isso, é sempre importante lavar as mãos”, explicou a infectologista do HM, em tom professoral.
Logo, manter a porta do cômodo da pessoa doente fechada é uma das medidas preventivas para não se infectar pelo novo coronavírus em ambiente domiciliar. Além disso, é importante só abri-la quando for necessário pegar ou devolver o alimento ou objeto que a pessoa necessite naquela ocasião.
Xô, vírus – Os cômodos e o banheiro usados pela pessoa doente devem ser limpos diariamente com álcool a 70% ou hipoclorito de sódio. Eles são suficientes para deixar o ambiente devidamente higienizado. O responsável pela limpeza precisar usar máscara, desinfetando as torneiras, as maçanetas, teclados, cadeiras, mesas, cadeiras, ou seja, todos os pontos tocados pelo infectado. “Pode fazer uso de luvas, mas elas não substituem a lavagem das mãos”, enfatiza.
Ao utilizar o banheiro, Sarah Dominique Dellabianca Holanda recomenda que as mãos sejam higienizadas logo após ir ao banheiro. “Abra a porta antes de você higienizar as mãos, porque, se você fizer isso com elas limpas, haverá contaminação. O problema de usar o banheiro e não higienizá-las, é de estar com as mãos contaminadas e pegar, sem perceber, na face, ou manusear o celular, o cabelo, óculos e acabar contraindo a Covid-19. A transmissão do novo coronavírus se dá por gotículas, eliminadas em tosses ou espirros. Tocar em um móvel que um doente tocou, por si só, não vai te deixar doente. O problema é que essa gotícula com o vírus pode estar no tal móvel, passar para a mão do outro e a pessoa levar a mão ao olho ou à boca”, destacou.
E se eu usei o mesmo banheiro da pessoa doente depois do banho? Segundo a infectologista do HM, em banheiros ventilados, praticamente a quantidade de aerossol vai embora com a primeira ventania que acontecer. Contudo, em banheiros sem circulação de ar, a concentração será um pouco maior.
“O que for de partícula de aerossol fica aproximadamente duas horas no ambiente. Já as partículas maiores, elas vão sendo suspensas, com o tempo, por ação da gravidade, depositando-se no chão. Então, não é uma chance a rigor, tão fácil de o vírus ser adquirido. O ideal é entrar no banheiro duas horas após a utilização da pessoa infectada pelo novo coronavírus. A chance de inalar essas partículas existe, porque a pessoa esteve ali, sem máscara, tomou banho, espirrou ou tossiu. O ambiente não fica estéril, vai ficar uma quantidade de aerossol. Preciso frisar que isso vai depender da condição de ventilação e luminosidade do ambiente. Do contrário, vou acabar generalizando o risco de exposição, quando, na verdade, existem várias projeções arquitetônicas de banheiros”, garantiu.
E as roupas, como ficam? A infectologista do HM salientou que não precisa ter um cesto específico para as roupas das pessoas infectadas. “O importante é não mexer na roupa. Para colocar na máquina ou lavar à mão, coloque a máscara. Quem está cuidando de um paciente com a Covid-19 precisa usar os equipamentos de proteção. Além da máscara, se possível use luvas e um avental, como num hospital. Caso contrário, você vai se expor ao vírus”, acrescentou ela.
Texto e foto: Marcel Vital. Fonte: Agência Alagoas.
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