Kids pretos é o nome dado aos militares formados pelo Curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro, treinados para atuar em missões sigilosas e em ambientes hostis e politicamente sensíveis


A Polícia Federal (PF) investiga se integrantes das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, usaram técnicas militares para incitar a tentativa de golpe de Estado no país. 

Em junho de 2023, o jornalista Bob Fernandes comentou durante o programa Três Pontos da Rádio Metropole, a necessidade da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) sobre o 8 de janeiro, de apurar a participação dos “kids pretos”. O comentário foi destaque no Jornal Metropole.

De acordo com a PF, a participação seria estratégica: eles compõem um grupo restrito, com treinamento rígido e especialização em ações de infiltração, operações camufladas e contraterrorismo. 

No governo Bolsonaro, havia 26 “kids pretos”, como Luiz Eduardo Ramos, que foi ministro-chefe da Casa Civil, o tenente-coronel Mauro Cid e Eduardo Pazuello, que comandou o Ministério da Saúde. Os “kids pretos” representam apenas 0,25% do Exército. O apelido, segundo a componente terrestre das forças armadas, é um nome informal atribuído aos militares de operações especiais, por usarem um gorro preto. 

Nos ataques de 8 de janeiro, chamou a atenção de investigadores a presença de manifestantes com balaclavas, e a desenvoltura na linha de frente da invasão. Um grupo chegou a organizar uma ofensiva para furar o bloqueio da Polícia Militar, orientou manifestantes a entrar no Congresso pelo teto, transformando gradis em escadas, e os instruiu a acionar mangueiras para diminuir os efeitos das bombas. Destroços de uma granada de gás lacrimogêneo usada em treinamentos dos “kids pretos” foram encontrados, segundo a CPI dos Atos.

Em relatório, a PF afirmou que houve um “planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para a consumação do golpe de Estado”. A conclusão parte de uma troca de mensagens em que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o coronel Bernardo Romão Correa Neto, combinam encontros com integrantes das forças especiais em novembro de 2022.