Assassino confesso de Marielle Franco e Anderson Gomes, o miliciano Roni Lessa relatou, em delação premiada, como foi o planejamento da execução e os planos do mandante. Segundo Lessa, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como mandantes do crime, monitoravam outros políticos do Psol, além de Marielle.

Em seu depoimento à PF, Lessa relatou que Laerte Silva de Lima e a mulher, Erileide Barbosa da Rocha, foram infiltrados no Psol pelos irmãos Brazão. Segundo o miliciano, o casal era uma espécie de “braço armado” da milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.

“O Domingos [Brazão], por exemplo, não tem papas na língua. Ele simplesmente fala que... ele colocou, digamos assim, um espião no PSOL, no partido da Marielle. E o nome desse espião seria Laerte, que é uma pessoa do Rio das Pedras, que depois eu soube se tratar de um miliciano. Uma pessoa responsável por várias atividades da milícia lá. E essa pessoa trazia informações para os irmãos com relação ao PSOL em si”, disse Ronnie.

Além de Marielle, os infiltrados traziam, segundo o depoimento, informações sobre Marcelo Freixo, então deputado estadual, e de Renato Cinco e Tarcísio Motta, na época vereadores. “Demonstrava, assim, um interesse diferenciado por essas pessoas, pelas pessoas do PSOL”, pontuou Lessa.

O casal se filiou ao Psol em abril de 2017, período em que Lessa confirma ter começado a fazer pesquisas sobre Freixo. Segundo o partido, em 2020, Laerte e Erileide foram expulsos. “Sua real atuação já era de conhecimento do partido desde meados de 2019, mas não foram tomadas iniciativas por estarem sob investigação. Os fatos mostram que as milícias não possuem limites em sua atuação criminosa e contam, por muitas vezes, com o apoio de agentes do Estado, quando eles próprios não o são”, disse a sigla em nota.

Esta delação, que tem mais de duas horas de material gravado, foi a primeira em que Lessa admite ter matado Marielle e Anderson. Ele cita ainda o nome dos mandantes e o que lhe foi prometido em troca do crime.